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Capítulo 15: Capítulo 15

Página 495

Tão delicioso que não hesitou mais, subiu ao quarto para copiar a carta do Dâmaso. Mas quase imediatamente um criado trouxe-lhe um telegrama de Afonso da Maia anunciando que chegava no dia seguinte ao Ramalhete. Ega teve de sair, telegrafar para os Olivais, avisar Carlos.

Carlos apareceu nessa noite, já tarde, transido de frio, com um monte de bagagens porque abandonara definitivamente os Olivais. Maria Eduarda regressava também a Lisboa, para o primeiro andar da rua de S. Francisco, tomado agora por seis meses, tapetado de novo pela mãe Cruges. E Carlos vinha muito impressionado, com profundas saudades da Toca. Depois de cear, ao fogão, acabando o charuto, relembrou infindavelmente esses dias alegres, a sua casinhola, o banho da manhã tomado dentro de uma dorna, a festa do deus Tchi, as guitarradas do marquês, as longas cavaqueiras ao café com as janelas abertas e as borboletas voando em torno aos candeeiros... fora as cordas d'agua, sob o vento de inverno, batiam os vidros na mudez da noite negra. Ambos terminaram por ficar calados, pensativos, com os olhos no lume.

- Quando esta tarde dei pela ultima vez uma volta na quinta, disse por fim Carlos, já não havia uma única folha nas árvores... Tu não sentes sempre uma grande melancolia nestes fins de outono?...

- Imensa! murmurou Ega lugubremente.

Ao outro dia a manhã clareava, limpa e branca, quando Ega e Carlos, ainda estremunhados e tiritando, se apearam em Santa Apolónia. O comboio acabava justamente de chegar; e viram logo, entre o rumor de gente que se escoava das portinholas abertas, Afonso, com o seu velho capote de gola de veludo, apegado a uma bengala, debatendo-se entre homens de boné agaloado que lhe ofereciam o Hotel Terreirense e a Pomba de ouro. Atrás Mr. Antoine, o chefe francês, grave, de chapéu alto, trazia o cesto em que viajara o reverendo Bonifácio.

Carlos e Ega acharam Afioaso mais acabado, mais pesado. Todavia gabaram-lhe muito, entre os primeiros abraços, a sua robustez de patriarca. Ele encolheu os ombros, queixando-se de ter sentido desde o fim do verão vertigens, um cansaço vago...

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 495

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605