Gente de Dublin - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 11 / 117

enquanto estava sentado no pequeno hall, apetecera-lhe ler qualquer coisa a sua mulher. Mas a timidez nunca lhe deixara realizar essa ideia, e os livros ficavam sempre nas estantes. Por vezes recitava umas linhas para si mesmo; isso consolava-o um pouco.

Quando foram horas de sair, levantou-se e despediu-se dos colegas. Passou por baixo do arco de King's Inns, e enveredou rapidamente pela Rua Henrietta. O sol poente estava a empalidecer, e o ar tornara-se áspero. Bandos de crianças andavam pelas ruas. Corriam ou brincavam, acocorando-se como ratos nos limiares das casas. O pequeno Chandler não pensou nelas. Continuou o seu caminho pelo meio daquelas vidas todas, na sombra das grandes construções, onde toda a fidalguia de Dublin estava aninhada. Nenhuma lembrança do passado lhe vinha à memória porque o seu pensamento estava cheio da alegria do presente.

Nunca tinha entrado no Corless's, mas conhecia o valor daquele nome. Sabia que a s pessoas distintas se reuniam ali depois dos teatros, para comer ostras e beber licores; e ouvira dizer que os criados falavam francês e alemão. Tendo passado por ali uma noite, vira carros pararem e descerem deles senhoras ricamente vestidas, escolta