Sentia que o seu corpo solicitava, de novo, o conforto da taberna. O nevoeiro- começava a arrefecê-lo. Mas conseguiria comover Pat O'Neill a deixar-lhe beber um trago?... Tinha que arranjar dinheiro em qualquer parte, visto que pagara a cerveja com os últimos cobres. De repente, enquanto brincava com a corrente do seu relógio, recordou-se do estabelecimento de Terry Kelly, na Rua Fleet. Como é que não se lembrara mais cedo daquilo?
Atravessou rapidamente a estreita rua do Temple Bar, resmungando consigo mesmo que ainda passaria uma boa noite. O empregado disse-lhe que o objecto valia uma coroa mas, na verdade, só recebeu seis shillings. Saiu da casa de penhores com o espírito alegre e foi brincando com as moedas entre os dedos. A Rua Westmoreland estava cheia de gente, rapazes e mulheres que Saiam do trabalho e os garotos dos jornais apregoavam as edições da noite. Farrington atravessou a multidão, olhando satisfeito para o espectáculo, e pasmando para as raparigas. Sentia vibrarem-lhe na cabeça os sons das buzinas e no nariz já sentia o perfume do punch. Enquanto caminhava, ia meditando nos termos em que narraria o acidente aos rapazes:
«Então eu olhei para ele, friamente, e fiz o mesmo com a mulher ... Depois, tornei a olhar para ele com toda a minha calma e disse: Eu não penso, senhor, mas isso é de muito difícil resposta para mim!...»
Nosey Flynn estava sentado no seu canto habitual no Davy Byrnes. Depois de ouvir a história, ofereceu-lhe uma bebida e disse que era a coisa melhor que ouvira na sua vida. Farrington, por sua vez, pagou uma rodada. Depois, vieram O'Halloran e Paddy Leonard, e a história foi repetida. O'Halloran pagou uma rodada e contou a história de certa resposta que dera ao seu chefe, no escritório de Callan, na Rua Fowness.