- Em que posso servi-lo, Sr. Gray? - inquiriu, esfregando as mãos gorduchas. - Quis ter a honra de vir eu mesmo. Tenho precisamente agora uma moldura soberba, que comprei num leilão. Moldura antiga, de Florença. De Fonthill, creio. Admiravelmente adequada a um assunto religioso, Sr. Gray.
- Sinto muito que tenha tido o incómodo de cá vir, Sr. Hubbard. Hei-de lá ir ver a moldura, posto que não me interesse muito pela arte religiosa, mas hoje apenas desejo que me transportem um quadro lá para cima, para o último andar. É um tanto pesado, por isso lembrei-me de lhe pedir que me mandasse dois homens.
- Incómodo nenhum, Sr. Gray. Tenho imenso prazer em prestar-lhe os meus serviços. Que quadro é?
- Este - replicou Dorian, afastando o biombo.
- Podem levá-lo, colcha e tudo, tal qual está. Não quero que se arranhe ao subir as escadas.