O Retrato de Dorian Gray - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 185 / 335

O Sr. Hubbard era um homenzinho viçoso, de suíças ruivas, cuja admiração pela arte era consideravelmente atenuada pela inveterada escassez pecuniária da maior parte dos artistas que com ele tratavam. Em regra, nunca saía do seu estabelecimento. Abria, porém, sempre uma excepção em favor de Dorian Gray. Havia em Dorian alguma coisa que encantava toda a gente. Era até prazer vê-lo.

- Em que posso servi-lo, Sr. Gray? - inquiriu, esfregando as mãos gorduchas. - Quis ter a honra de vir eu mesmo. Tenho precisamente agora uma moldura soberba, que comprei num leilão. Moldura antiga, de Florença. De Fonthill, creio. Admiravelmente adequada a um assunto religioso, Sr. Gray.

- Sinto muito que tenha tido o incómodo de cá vir, Sr. Hubbard. Hei-de lá ir ver a moldura, posto que não me interesse muito pela arte religiosa, mas hoje apenas desejo que me transportem um quadro lá para cima, para o último andar. É um tanto pesado, por isso lembrei-me de lhe pedir que me mandasse dois homens.

- Incómodo nenhum, Sr. Gray. Tenho imenso prazer em prestar-lhe os meus serviços. Que quadro é?

- Este - replicou Dorian, afastando o biombo.

- Podem levá-lo, colcha e tudo, tal qual está. Não quero que se arranhe ao subir as escadas.





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