- Nenhuma dificuldade haverá, senhor - disse o genial negociante de molduras, começando, com a ajuda do seu empregado, a desprender o quadro das compridas cadeias de bronze em que se achava suspenso. - E agora, para onde o havemos de levar, Sr. Gray?
- Vou mostrar-lhe o caminho, Sr. Hubbard; façam favor de me seguir. Ou será talvez melhor irem os senhores à frente. É mesmo no alto da casa. Subiremos pela escada principal, que é a mais larga.
Abriu-lhes a porta, passaram para o vestíbulo e começaram a subir. O complicado feitio da moldura tornava o quadro extremamente volumoso, e, de vez em quando, a despeito do Sr. Hubbard que, como verdadeiro negociante, não podia ver um elegante fazer qualquer coisa útil, Dorian punha a mão no quadro, como que para ajudá-los.
- É uma boa carga - murmurou o homenzito, ao chegarem ao último patamar, arquejante e enxugando a testa reluzente de suor.
- É um poucochinho pesado - confirmou Dorian, abrindo a porta que dava acesso ao quarto que ia guardar-lhe o curioso segredo da sua vida e ocultar a sua alma dos olhos dos homens.
Havia mais de quatro anos que não entrava naquele quarto - servira-lhe de quarto para brincar, quando criança, e, mais tarde, de quarto de estudo; depois nunca mais lá voltara.