O Retrato de Dorian Gray - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 257 / 335

- Mas sim, tem de se meter. Espere, espere um instante; escute-me. Escute-me somente, Alan. O que lhe peço é apenas uma experiência científica. Você vai aos hospitais e aos necrotérios, e não o sensibilizam os horrores que lá pratica. Se, em alguma hedionda sala de autópsias ou em algum fétido laboratório, você encontrasse este homem, estirado sobre uma mesa de chumbo, sulcada de goteiras vermelhas para dar vazão ao sangue, limitar-se-ia a considerá-lo um admirável objecto de estudo. Nem um só cabelo se lhe agitaria. Nenhuma acção má julgaria cometer. Pelo contrário, sentiria provavelmente prestar um benefício à espécie humana, aumentar a soma de conhecimentos do mundo, satisfazer a curiosidade intelectual ou alguma outra coisa assim... O que eu desejo que faça é simplesmente o que já muitas vezes tem feito. Realmente, destruir um cadáver deve ser muito menos horrível do que você está habituado a fazer. E, lembre-se, é a única prova contra mim. Se a descobrem, estou perdido; e com certeza descobrem, se você me não ajudar.

- Não quero ajudá-lo. Esquece-se disso. Tudo o que me disse é indiferente. Nada tem que ver comigo.





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