O Retrato de Dorian Gray - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 256 / 335

- Endoideceu, repito! Está doido, se imagina que eu levantaria um dedo para o ajudar; é preciso que esteja doido para me fazer essa monstruosa confissão. Não tenho nada que ver com isso, seja lá o que for. Julga que vou arriscar por sua causa a minha reputação? Que me importam as suas maquinações diabólicas?

- Foi um suicídio, Alan.

- Estimo muito. Mas quem o impeliu a isso? Você, é claro!

- Persiste em recusar-me o que lhe peço?

- Sem dúvida. Recuso-me terminantemente a meter-me nisso: Que me importa a vergonha que daí resulte para você? Tudo merece. Não me penaliza vê-lo publicamente coberto de opróbrio. Como ousa escolher-me dentre todos os homens do mundo para me pedir que colabore nesse horror? Pensava que conhecesse melhor o carácter das pessoas. O seu amigo Lord Henry Wotton, além do muito que lhe ensinou, podia ter-lhe dado lições de psicologia...

Nada me decidirá a dar um passo em seu socorro. Enganou-se na porta... Vá ter com os seus amigos. Não se dirija a mim.

- Alan, foi um crime. Fui eu que o matei. Não sabe o que ele me fez sofrer. Seja a minha vida o que for, ele exerceu nela mais influência, para bem ou para mal, do que o pobre Henry. Talvez sem intenção, mas o resultado foi o mesmo.

- Crime! Meu Deus, foi a isso, Dorian, que você chegou? Não o vou denunciar. Não me cumpre fazê-lo. Além disso, sem eu intervir no caso, você será, indubitavelmente, preso. Nunca ninguém comete um crime sem fazer alguma coisa estúpida. Mas não me quero meter nisso.





Os capítulos deste livro