Uma das mulheres contraiu a cara num sorriso perverso e disse com ar escarninho:
- Estamos hoje muito orgulhosos...
- Por amor de Deus, não me fale - gritou Dorian, batendo com o pé no chão. - Que quer? Dinheiro? Aqui está. Não me torne a falar.
Dois rubros relâmpagos chisparam nos olhos empolados das mulheres, para logo se apagarem, deixando-os sombrios e vítreos. Ela abanou a cabeça e apanhou sofregamente as moedas espalhadas sobre o balcão. A sua companheira observava-a com inveja.
- Não vale a pena - suspirou Adrian Singleton. Não volto lá. Que importa? Sinto-me feliz aqui.
- Se precisares de alguma coisa, escreve-me, sim? disse Dorian, passado um momento.
- Talvez.
- Então, boa noite.
- Boa noite - respondeu o jovem, subindo os degraus e enxugando com um lenço a boca ressequida.
Dorian dirigiu-se para a porta com uma expressão dolorida no rosto. Ao afastar a cortina retiniu-lhe aos ouvidos uma hedionda gargalhada saída dos lábios pintados da mulher que recebera o dinheiro.