- A casa da tia Agatha. Vai também o Sr. Gray. É o seu último protegido.
- Diz à tia Agatha que me não mace mais com os seus pedidos de esmolas. Estou farto deles. A boa mulher pensa que não tenho mais que fazer do que preencher cheques para as suas tolas benemerências.
- Muito bem, tio George, dir-lhe-ei, mas de nada servirá. As pessoas filantrópicas perdem toda a noção de humanidade. É o seu carácter distintivo.
O ancião aprovou com um grunhido e tocou a campainha para chamar o criado. Lord Henry saiu e dirigiu-se para a Praça Berkeley.
Era então essa a história da ascendência de Dorian Gray. Apesar da maneira crua como lhe foi narrada, emocionara-o pelo que tinha de romance, romance estranho, quase moderno. Uma mulher bela arriscando tudo por uma louca paixão. Algumas desvairadas semanas de ventura, cortadas cerce por um crime hediondo, traiçoeiro. Meses de muda agonia e depois uma criança nascida na dor. A mãe arrebatada pela morte, o filho abandonado à solidão e à tirania dum velho indiferente. Sim; era um fundo interessante. Realçava o moço, tornava-o ainda, por assim dizer, mais perfeito.