Reparou que já havia passado a casa de sua tia, e sorrindo de si para si, retrocedeu. Quando entrou no vestíbulo, um tanto sombrio, disse-lhe o mordomo que já estavam a almoçar. Entregou a um dos criados o chapéu e a bengala entrou na sala de jantar.
- Atrasado, como de costume, Henry - exclamou a tia, meneando a cabeça.
Ele inventou uma fácil desculpa, e, sentando-se na cadeira vazia ao lado dela, circunvagou os olhos para ver quem eram os convivas. Do extremo da mesa, Dorian baixou-lhe a cabeça, timidamente, com um rubor de prazer a colorir-lhe a face. Em frente estava a duquesa de Harley, senhora de notável bondade, muito estimada por todos os que a conheciam, e daquelas amplas proporções arquitectónicas que, nas mulheres que não são duquesas, os historiadores contemporâneos costumam classificar de gordura. A seguir a ela estava, à sua direita, Sir Thomas Burdon, membro radical do Parlamento, que na vida pública seguia o seu leader e na vida privada seguia os melhores cozinheiros, jantando com os Tories e pensando com os Liberais, segundo uma sensata e conhecida regra. À esquerda da duquesa achava-se o Sr. Erskine de Treadley, velho de considerável encanto e cultura, que se enfronhara, porém, em maus hábitos de silêncio, tendo, como ele um dia explicou a Lady Agatha, dito tudo o que tinha a dizer antes dos trinta anos.