A Prudência então, encarnada na velha, mudou de táctica, e falou de espionagem e investigações. Talvez aquele rapaz fosse rico. Nesse caso, era mister pensar em casamento. Aos seus ouvidos vinham morrer as ondas da astúcia humana. Zuniam em torno dela as setas ardilosas.
Viu os lábios delgados da mãe moverem-se e limitou-se a sorrir.
De súbito sentiu a necessidade de falar. Perturbava-a aquele silêncio.
- Mãe, mãe - exclamou -, por que é que ele me tem tanto amor? Eu sei por que é que o amo. Amo-o porque ele é tal qual o próprio Amor deveria ser. Mas que vê ele em mim? Não sou digna dele. E, contudo - não sei porquê - embora me sinta muito inferior a ele, não me sinto humilhada. Sinto-me orgulhosa, terrivelmente orgulhosa. Mãe, amou meu pai como eu amo o Príncipe Encantador?
A velha empalideceu por baixo da grossa camada de pó que lhe caiava as faces, e os lábios secos arrepanharam-se-lhe num espasmo de dor. Sibyl correu para ela, deitou-lhe os braços em torno do pescoço e beijou-a.
- Perdoe-me, mãe. Bem sei que lhe custa ouvir-me falar do nosso pai. Mas é porque lhe tinha um grande amor, não é verdade? Não se entristeça assim. Sinto-me hoje tão feliz como a mãe se sentia há vinte anos. Ah! deixe-me ser feliz toda a vida!