A República - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 36 / 290

— Mas, Trasímaco — continuei —, o nosso homem injusto não prevalece sobre o seu contrário e o seu semelhante? Não foi o que disseste?

— Foi — respondeu.

— E não é verdade que o justo não prevalecerá sobre o seu semelhante, mas sobre o seu contrário?

—É .

— O justo — disse eu — assemelha-se, portanto, ao homem sábio e bom e o injusto ao homem mau e ignorante.

— É possível.

—Mas nós reconhecemos que cada um deles é tal como aquele a que se assemelha.

— Com efeito, reconhecemos.

— O justo revela-se-nos, portanto, bom e sábio e o injusto ignorante e mau.

Trasímaco concordou com tudo isto, não tão facilmente como o relato, mas contra vontade e a custo. Suava abundantemente, tanto mais que estava muito calor — e foi então que pela primeira vez vi Trasímaco corar! Portanto, quando concordamos que a justiça é virtude e sabedoria e a injustiça vicio e ignorância, prossegui:

— Seja! Consideremos isto definido. Mas dissemos que a injustiça tem também a força. Não te lembras, Trasímaco?





Os capítulos deste livro