Eram quase onze horas quando iniciámos a última etapa das aventuras daquela noite. Deixáramos para trás o nevoeiro húmido da grande cidade, e a noite estava bastante agradável. Um vento morno soprava do oeste, nuvens carregadas deslizavam lentamente no céu, uma meia-lua espreitava às vezes pelas abertas. Embora houvesse bastante claridade, Thaddeus Sholto pegou numa lanterna da carruagem para iluminar o caminho.
Pondicherry Lodge situava-se numa propriedade rodeada por um alto muro de pedra com vidros partidos em cima. Uma porta estreita, e reforçada com grampos de ferro, era a única entrada. Sobre ela o nosso guia deu algumas pancadas parecidas com o bater de um carteiro.
- Quem é? - gritou uma voz rude lá dentro.
- Sou eu, McMurdo. Já devias conhecer o meu bater.
Ouviu-se resmungar e o tilintar de chaves. A porta abriu-se pesadamente, aparecendo à entrada um homem baixo e entroncado. A luz amarela da lanterna incidiu sobre o rosto proeminente e os olhos desconfiados a pestanejar.
- É o Sr. Thaddeus? Mas quem são os outros? Não recebi ordens do patrão acerca deles.
- Não, McMurdo? Admira-me muito! Disse ontem à noite ao meu irmão que traria alguns amigos.
- Ele ainda não saiu hoje do quarto, Sr. Thaddeus, e não recebi ordens. Sabe muito bem que tenho de acatar as normas. Posso deixá-lo entrar, mas os seus amigos terão de ficar onde estão.
Era um obstáculo inesperado. Thaddeus Sholto olhou em volta com um ar de perplexidade e impotência.
- Isso é muito incorrecto da sua parte, McMurdo! - exclamou. - Eu responsabilizo-me por eles. Vem connosco uma jovem que não pode ficar à espera na rua a esta hora.