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Capítulo 14: XIV - Amor e vingança

Página 156

– Não há tempo a perder – prosseguiu o bobo começando a despir a cogula que trazia vestida. – Toma este hábito e sai, curvado e escondendo o rosto: os guardas não te conhecerão. Dirige-te ao pátio principal do castelo: junto à torre da esquerda é a pocilga do truão; a porta estará aberta: lá dentro, por detrás da minha pobre enxerga, é a entrada de um caminho subterrâneo, segue-o: irás sair bem perto do sítio aonde dizem que chegam os corredores do infante. O resto pertence-te a ti.

– Mas qual será a tua sorte quando na hora fatal os algozes, buscando a sua vítima, só te encontrarem a ti?! – disse o cavaleiro hesitando.

– Pensas tu que, se a cabeça me corresse algum risco, eu a exporia para te salvar? Oh que não! Também tenho a minha vingança e quero folgar depois de a ver satisfeita. Deixar-me-ão aqui: porque o conde de Trava não voltará esta noite e amanhã... oh, amanhã!... Gonçalo Mendes da Maia virá soltar-me... Sei certo que há-de vir.

E apontando para a escada, repetiu:

– Não há um momento a perder. O cavaleiro calou-se e carregando o capuz sobre os olhos subiu a escada, e atravessando por entre os guardas, que mal olharam para ele atentos a fechar o alçapão da masmorra, saiu da torre e encaminhou-se para o sítio que o truão lhe indicara. Os terríveis pensamentos que o agitavam produziam nele uma desusada energia.

Quando o bobo se achou só, semelhante a tigre raivoso, galgou de um pulo às grades de uma das troneiras: mirou o céu por alguns momentos, e depois, deixando-se cair em pé no pavimento, bateu as palmas bradando:

– Aragonês, aí te envio o meu vingador! Conde de Trava, não tarda Gonçalo Mendes! Um castelo por vinte açoutes! O truão é mais generoso que tu. Oh, oh!...

E desatara a rir.

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pág. 156 (Capítulo 14)

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Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 156

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173