Camões - Cap. 6: CANTO SEXTO Pág. 107 / 177

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- «O homem que sois, Menezes, bem conheço:

Amei-vos desde a infância, e inda vos amo.

Sois meu amigo, sei-o, e tão sincero,

Tão leal o não tenho.»

- «O céu permita

Que o cuideis sempre, e que infiéis não sejam...

Senhor, o desgraçado por quem rogo,

Nada vos pede; é português e altivo,

Como o são portugueses: mas tal feito,

Tão gloriosa empresa em prol da pátria

Cometeu e perfaz, que já desaire

Real seria de a deixar sem prémio»

- «Quem é esse homem? Que fez ele? O Gama,

O Albuquerque igualou?»

- «Fez mais do que eles;

Que os tornou imortais. Podem um dia

Erros nossos, baloiços da fortuna

Dar cabo dessas glórias do oriente,

Dessas conquistas d’Albuquerque e Vasco:

Mas a fama das letras não perece,

Nem a domina o fado. Tanta glória

De Portugal padrão eterno exige

Que lhe assegure dos vaivéns a sorte

O porvir sempre incerto.





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