Camões - Cap. 8: CANTO OITAVO Pág. 138 / 177

Um rei como este,

Dai-lhes um rei como João segundo;

E esquecido o tenaz republicano

De Brutos e Catões, ajoelha ao ceptro.

- Este fez explorar d’aurora os berços

Com baldados trabalhos, - que essa dita

Ao feliz Manuel o céu guardava.

X

Então reconta o sonho misterioso

Do venerando Ganges, do rei

Indo Que ao ditoso monarca, ao romper d’alva

Em visão bem fadada apareceram.

Diz a intentada, perigosa empresa

Que ousou de cometer; trabalhos, riscos

Na longa e lassa via suportados:

Moçambique, a traidora, castigada

Para escarmento e pena; e o temeroso,

Namorado gigante em dura terra

Por seus atrevimentos convertido,

E, por dobradas mágoas, rodeado

De Tétis formosíssima que amava:

Tétis que já cuidou de ter nos braços

Louco d’amores, única, despida,

Quando se achou c’um árido rochedo

De hórrido mato e de espessura brava.





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