Camões - Cap. 9: CANTO NONO Pág. 157 / 177

Mas continuou depois:

- «Forçais-me, conde,

Mais que a admirar-vos: o ódio que me tendes,

Generoso rival, não me é possível

Abrir-lhe o peito, não. Odiai-me embora,

Que vos amarei eu, mau grado vosso.

O retrato... Oh! jamais não será dito

Que em pontos de honra e generoso brio

Fique Luís de Camões de outrem vencido.

Guardai-o vós, senhor, guardai-o: é vosso:

A um inimigo tal amor o cede.»

XV

Suspensos, mudos ambos se entr’olhavam

Os dous rivais briosos que alta prova

Assim do nobre peito heróica davam

Em magnânimo duelo de virtude.

No rosto ao conde as rugas se alisavam

Que ciosos rancores lhe frangeram;

E bem se via que os jurados ódios

Ao generoso feito se rendiam.

Lutaram todavia; mas vitória

Em peito bem nascido há sempre o brio.

- «Venceste, cavaleiro; as armas ponho.





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