Camões - Cap. 2: CANTO SEGUNDO Pág. 33 / 177

Ecoa o templo

Coas tremedoras notas desses hinos

Que, na solene entrada do sepulcro,

Terrível canta a igreja, - quase um eco

Da profundez do abismo, que reflecte

Pavoroso na terra. - A ponto entravam

Os viajantes no templo quando o coro:

- «Tédio da vida concebeu minha alma;

E é força que desate a própria língua

Contra mim mesmo, - e desabafe o peito

A amargura falando de minha alma.»

«Direi a Deus: não me condenes, ouve-me.

Porque assim me julgaste? Acaso é digno

De ti caluniares-me, avexar-me,

A mim que sou das tuas mãos feitura?»

«São teus olhos de carne como os d’homem?

Como eles vês e julgas? - Porque ao dia,

Do cárcere materno, me hás trazido?

Oxalá que eu não visto perecera

De olho nenhum vivente, e houvera sido

Como se nunca fosse, - trasladado

Do





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