Camões - Cap. 3: CANTO TERCEIRO Pág. 58 / 177

- Nem sempre; mas tão pouco de virtude

Basta num rei para esquecer-lhe os crimes!

XIX

«Aberta em par do templo estava a porta;

Entrei. Naquelas pedras animadas

Por cinzel primoroso se pasciam

Meus olhos admirados: as erguidas

Colunas, as abóbadas altivas,

As palmas, as cordagens enlaçadas,

E o sinal santo que as remata e une,

E que por toda a parte está marcando

As vitórias do Lenho triunfante,

O vexilo da glória portuguesa,

Nunca, nunca tão alto me clamaram

Que sós sem Deus, sós pelo esforço humano

Não fariam jamais os portugueses

O que hão feito no mundo... Dei co túmulo

De custoso lavor que aí resguarda

As cinzas do monarca afortunado.

Afortunado em vida; - a morte, fecha-lhe

Selo do Eterno os lábios descarnados:

São segredos de Deus os do sepulcro.





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