Camões - Cap. 4: CANTO QUARTO Pág. 77 / 177

Inimigo eterno,

Aqui em meu tremendo promontório

Vos espero; aqui áspera vingança

De quem me descobriu tomarei. - Morte.

Morte é o menor dos males que vos guardo.

Nem da beldade as lágrimas formosas,

Nem suspiros d’amor, nem ais carpidos

De maternal ternura hão-de amolgar-me...

E não se acabará só nisto o dano;

Antes por vossas mãos o mor castigo

Recebereis: do império cimentado

Com tanto sangue e com virtudes tantas

(Breve as heis-de perder) medonhos crimes,

Devassa tirania, infandos vícios,

Superstição cruel minarão cedo

Os nobres fundamentos. Aluído

Baqueará por terra o sólio altivo

Que sobre as ruínas erguereis dos povos.

Vis descereis pelos degraus do vício

Do trono a que a virtude vos alçara.

IX

- «Assim na extasiada fantasia

Um eco misterioso me soava:

Di-lo-ei presságio triste em já gran’ parte

De seu fadar cumprido!.





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