Camões - Cap. 4: CANTO QUARTO Pág. 82 / 177

Talvez em longes eras meditasse

Solitário discip’lo de Confúcio

Nessa caverna as eternais verdades

Do grande Tien, do deus da Natureza,

Que ao Sócrates da China se amostrara

Mais temporão, se lhes não mentem crónicas,

Que ao amante de Fédon. - Vem quebrar-se

Perto o mar, que se espraia longo e longo,

Té se perder no extremo do horizonte.

Ali de soledade amarga e doce

Esquecidas passei horas ditosas:

Ditosas - se jamais fio d’areia

Na voadora ampulheta me há corrido

Horas que tais se chamem. - Nesse poiso

De suave tristeza me acudiam

À memória as lembranças do passado,

Magoadas coas ideias do presente,

De envolta com receios do futuro;

E acaso de esperança verdejava

Leve folha dos ventos assoprada.

XV

«Pátria, oh pátria! - dizia - é pois um sonho

Essa visão, que por celeste a tive?

Teu nome eternizar, dar brado à fama,

Que de ti digno, digno de Natércia

As gerações pasmadas me aclamassem!.





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