O Garimpeiro - Cap. 1: I- A FAZENDA Pág. 7 / 147

Tomá-la-íeis antes por uma das companheiras de Diana, a caçadora de formas esbeltas, mas vigorosas, de singelo mas gracioso gesto.

Todavia era dotada de certa elegância natural, e de uma delicadeza de sentimentos que não se esperaria encontrar em uma roceira.

Esses dotes ela os devia em parte ao céu, que tanto a favorecera, e em parte à sua mãe, mulher espirituosa e sensível, e que se esmerava em dar-lhe uma excelente educação, que Lúcia procurava transmitir à sua pequena irmã, desde o berço.

Quanto ao Major, homem de espírito acanhado, frio e positivista, mas boa alma, o melhor dote que julgava poder dar ás suas filhas era dinheiro e só dinheiro.

A gentil sertaneja bem raras vezes ia à vila do Patrocínio; sua vida deslizava-se naquele ermo tranquila e uniforme, como o murmúrio monótono de uma fonte, e sua alma era pura e alegre como manhã de abril, plácida e serena como uma noite de luar. Mas a vida não lhe corria inativa, e nem seu coração estava vazio.

Além de sua irmãzinha, em quem concentrava as suas mais ternas afeições, e a quem servia de mestra e de mãe na falta da verdadeira, que há muito haviam perdido, eram seus cuidados uma linda e mansa vaquinha favorita, da qual todos os das com suas próprias mãos tirava o alvo e espumante leite; eram suas pombas, seu pequeno jardim, e seu lindo oratório, que sempre trazia enfeitado de frescas e fragrantes flores, e em que todas as noites, com sua irmãzinha ao lado, rezava por alma de sua mãe.

Lúcia tinha prazer todas as vezes que se oferecia ocasião de ir à vila a qualquer festa, ou simplesmente para ouvir missa. Era uma agradável interrupção à sua vida monótona de roceira; ia espairecer um pouco seu espírito na sociedade, ia ver e gozar da companhia de suas amigas de escola.





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