A Guerra das Gálias - Cap. 6: LIVRO IV Pág. 102 / 307

XXXIII - Eis a maneira de combater destes carros: primeiro, fazem-nos rolar de todos os lados lançando frechas; só o temor que inspiram os cavalos e o barulho das rodas lança habitualmente a desordem nas fileiras; depois, quando já penetraram entre os esquadrões, apeiam-se dos carros e combatem a pé. Entretanto, pouco depois, os condutores saem da refrega, e colocam os seus carros de tal maneira que, se os combatentes são acossados pelo número, podem comodamente retirar para os carros. Reúnem assim no combate a mobilidade do cavaleiro e a solidez do infante, e o efeito do seu treino e do exercício diário é tal, que sabem parar os cavalos lançados em corrida rápida, moderá-los, fazê-los voltar rapidamente, correr sobre o timão, manter-se firme sobre o jugo e dali entrar nos carros num instante.

XXXIV - Tendo este novo género de combate lançado a perturbação entre os nossos soldados, César chegou muito a propósito para os socorrer; porque à nossa chegada os inimigos pararam e os nossos recompuseram-se. Obtido este resultado, julgando a ocasião pouco favorável para atacar e travar batalha, permaneceu no lugar e, após breve espera, reconduziu as suas legiões para o campo. Enquanto estes acontecimentos se desenrolavam e ocupavam todas as nossas tropas, os Bretões que tinham ficado nos campos retiraram. Os dias que se seguiram viram suceder-se uma série de maus tempos que reteve os nossos no seu acampamento e impediu o Inimigo de atacar. Neste intervalo, os Bárbaros enviaram deputados para todos os lados, deram a conhecer aos seus a fraqueza dos nossos efectivos e mostraram-lhe a facilidade que teriam em fazer saque e recuperar para sempre a sua liberdade, se expulsassem os Romanos do seu acampamento. Desta maneira bem depressa reuniram uma cavalaria e uma infantaria numerosa e marcharam contra o nosso campo.





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