A Guerra das Gálias - Cap. 5: LIVRO III Pág. 81 / 307

Este desígnio foi aprovado pelos seus chefes: deixavam os Romanos alinhar as suas tropas e mantinham-se no seu campo. Vendo isto, Crasso, como as hesitações deles e o ar de ter medo tinham excitado o ardor das nossas tropas para combater, e um grito unânime se fazia ouvir para dizer que não se devia esperar mais, discursou aos seus e, cedendo aos desejos de todos, marchou sobre o campo inimigo.

XXV - Aí, enquanto uns enchiam os fossos, outros lançando uma saraivada de frechas, expulsavam os defensores do entrincheiramento das nossas linhas de defesa; e os auxiliares, com os quais Crasso não contava muito para o combate, forneciam pedras e frechas, traziam torrões de terra para o aterro e faziam acreditar, assim, que combatiam; o inimigo, esse lutava com firmeza e sem medo algum, lançava de cima frechas que não se perdiam. Entretanto cavaleiros, tendo feito a volta ao campo inimigo, relataram a Crasso que, do lado da porta decumana, o campo estava pior guarnecido e oferecia um acesso fácil.

XXVI - Crasso, depois de ter exortado os prefeitos da cavalaria a encorajar os seus soldados com recompensas e promessas, explicou-lhes o que queria fazer. Estes, depois da ordem recebida, fizeram sair as coortes que tinham deixado de guarda ao campo e que estavam inteiramente frescas e, fazendo um longo desvio para esconder a sua marcha ao campo dos inimigos, enquanto todos os olhares estavam fixados no campo de batalha, chegaram rapidamente à parte do entrincheiramento de que falámos: forçaram-na e estabeleceram-se no campo dos inimigos, antes que estes pudessem ver bem ou saber o que se passava. Então, avisados pelos gritos que se faziam ouvir daquele lado, os nossos, sentindo renascer as suas forças, como habitualmente acontece quando se tem a esperança da vitória, insistiram no ataque com mais ardor.





Os capítulos deste livro