Gente de Dublin - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 4 / 117

a protegesse. Ernest morrera, e Harry, que andava por fora a decorar igrejas, estava sempre em qualquer sítio da província. Além disso, a invariável disputa por causa do dinheiro, aos sábados à noite, começara a cansá-la duma forma assustadora. Sempre tinha dado o seu ordenado inteiro - sete shillings - e o Harry mandava sempre o que podia; a grande dificuldade era conseguir qualquer dinheiro do pai. O pai dizia que ela desperdiçava o dinheiro, que não tinha cabeça, que não lhe entregaria aquilo que tanto lhe custara a ganhar, para ela atirar para a rua, e dizia muito mais coisas, porque naquelas noites nunca estava no seu estado normal.

Por fim acabava por lho dar e dizer para ir comprar o jantar de domingo, e Eveline ia o mais depressa possível fazer as suas compras, com a bolsa preta muito agarrada enquanto passava entre os ajuntamentos, e voltava para casa tarde, inclinada sobre um grande cesto de provisões. Era um trabalho pesado, o governo da casa e ainda tomar conta de duas crianças, fazê-las ir para a escola, dar-lhes as refeições a horas. Era um trabalho duro - uma vida dura - mas agora que estava quase a deixar tudo aqui- lo, já não lhe parecia uma vida tão indesejável.

Ia explorar uma nova vida com Frank.





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