O Retrato de Dorian Gray - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 179 / 335

- Não o disse com a intensão, de lhe dirigir um cumprimento. Foi uma confissão. Agora que o confessei, parece-me que alguma coisa se desprendeu de mim. Talvez a gente nunca devesse exprimir a sua adoração.

- Essa confissão foi uma decepção.

- Ora, que esperava, Dorian Não viu mais nada no retrato, viu? Não havia nele mais nada?

- Não, nada mais, Porque pergunta? Mas não deve falar de adoração. É uma loucura, Somos amigos, Basil, e assim devemos ficar sendo sempre.

- Você tem o Henry - disse, pintor tristemente.

- Oh, o Henry! - exclamou; jovem, com uma gargalhada. - O Henry passa os dias a dizer o que é incrível, e as noites a fazer o que é improvável. Precisamente a vida que eu gostava de levar. Mas, contudo, creio que não seria ao Henry que eu recorreria, me encontrasse em algum transe difícil. Preferi-lo-ia a si, Basil.

- Tornará a ser meu modelo!

- Impossível!

- Com a sua recusa, Dorian, estragou a minha vida de artista. A ninguém se depara, duas coisas ideais. A poucos se depara uma.

- Não lho posso explicar, Basil mas nunca mais devo deixar-me pintar por si. Há alguma coisa fatal num retrato. Tem uma vida própria. Irei tomar chá consigo. Dar-nos-á o mesmo prazer.

- A si mais - murmurou Hallward, pesarosamente.

- E agora adeus. Pesa-me muito que não me deixe tornar a ver o retrato. Mas não há remédio. Compreendo perfeitamente o que se passa em si.





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