O Retrato de Dorian Gray - Cap. 18: Capítulo 18 Pág. 295 / 335

- Desarma-me, Gladys.

- Do seu escudo, Henry, não da sua lança.

- Nunca pelejo contra a Beleza - volveu ele, com um aceno de mão.

- É esse o seu erro, Henry, creia-me. Exagera o valor da Beleza.

- Como pode dizer isso? Penso que vale mais ser belo do que ser bom. Mas, por outro lado, ninguém primeiro do que eu reconhece que vale mais ser bom do que ser feio.

- Então a fealdade é um dos sete pecados mortais? - exclamou a duquesa - Que é feito do seu símile a respeito da orquídea?

- A fealdade, Gladys, é uma das sete virtudes mortais. Como boa Tory que é, não as deve menosprezar. A cerveja, a Bíblia e as sete virtudes mortais fizeram da nossa Inglaterra o que ela é.

- Então não gosta da sua terra?

- Vivo nela.

- Para melhor poder censurá-la.

- Quer que eu adopte a opinião da Europa sobre ela?

- Que dizem de nós?

- Que Tartufo emigrou para a Inglaterra e abriu uma loja.

- É sua essa frase, Henry?

- Dou-lha.

- Não me poderia servir dela. É verdadeira demais.

- Não tem que recear. Os nossos patrícios nunca reconhecem uma descrição.

- São práticos.

- São mais manhosos que práticos. Quando escrituram os seus livros, saldam a estupidez com a riqueza e o vício com a hipocrisia.

- Contudo, temos feito grandes coisas.





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