- As grandes coisas é que foram atiradas ao nosso encontro, Gladys.
- Suportámos-lhe o peso.
- Somente até à Bolsa.
Ela abanou a cabeça e exclamou:
- Creio na raça.
- Representa a sobrevivência do impulso.
- Tem progredido.
- Fascina-me mais a decadência.
- E que diz da Arte?
- É uma doença.
- E o Amor?
- Uma ilusão.
- E a religião?
- Uma coisa que a moda inventou para substituir a crença.
- É um céptico.
- Nunca! O cepticismo é o começo da Fé.
- Que é você?
- Definir é limitar.
- Dê-me um rastro.
- Os fios partem-se. Extraviar-se-ia no labirinto.
- Aturde-me. Mudemos de conversa.
- O dono da casa é um assunto delicioso. Há anos puseram-lhe o nome de Príncipe Encantador.
- Ah! não me recorde isso - exclamou Dorian Gray.
- O dono da casa está hoje bastante aborrecido - retorquiu a duquesa, corando. - Creio que ele pensa que o Monmouth casou comigo por princípios puramente científicos, vendo em mim o melhor exemplar que podia encontrar duma borboleta moderna.
- Bem, ao menos espero que ele se não lembrará de lhe espetar nenhum dos seus alfinetes, duquesa - disse a rir Dorian.
- Oh! Basta-me a minha criada, Sr. Gray, para mos espetar, quando está enfadada comigo.