O Retrato de Dorian Gray - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 69 / 335

Dorian sorriu e abanou a cabeça.

- Talvez não, minha senhora - replicou. - Eu nunca falo, quando estou a ouvir música, pelo menos, quando a música é boa. Se a música é má, é um dever afogá-la na conversação.

- Ah! é uma das ideias do Henry, não é, Sr. Gray?

Eu sei sempre as ideias do Henry pelos seus amigos. É a única maneira que tenho de as conhecer. Mas não pense que não gosto da boa música. Adoro-a, mas tenho medo dela. Torna-me excessivamente romântica. Tenho apenas tido culto pelos pianistas - por dois ao mesmo tempo às vezes, diz-me o Henry. Não sei o que há neles. Talvez seja por serem estrangeiros. São todos estrangeiros, não são? Mesmo aqueles que nasceram na Inglaterra se estrangeirizam passado algum tempo, não é verdade? É uma prova do seu talento e uma homenagem que prestam à Arte. Isso torna-a cosmopolita, não é verdade? O Sr. Gray nunca veio às minhas reuniões. Deve vir. Não posso oferecer orquídeas, mas não me furto a despesas para ter estrangeiros nos meus salões. Dão-lhes um aspecto tão pitoresco... Mas aqui está o Henry! Henry, vim aqui procurar-te, para te perguntar não me lembro já o quê, e encontrei o Sr. Gray à tua espera. Tivemos uma conversa encantadora a respeito da música. As nossas ideias são exactamente as mesmas. Não; creio que são inteiramente diferentes. Mas foi gentilíssimo. Tive muito prazer em encontrá-lo.





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