Contos de Mistério - Cap. 5: A NOVA CATACUMBA
(The new catacomb) Pág. 105 / 167

Isso é que faz com que as ruínas e as relíquias que achei em nada se assemelhem àquelas que foram trazidas à luz do dia, até estes últimos tempos. Se não conhecesse as suas luzes e a sua energia, meu caro amigo, não hesitaria, sob o cunho do segredo, em confiar-lhe todos os pormenores; mas, sendo assim, penso que farei melhor em redigir o meu relatório sobre esta descoberta antes de expor-me a uma tão formidável competição como a sua.

Kennedy amava os estudos a que se entregava, com uma paixão que quase roçava a loucura, era um verdadeiro amor que o dominava por inteiro mesmo no meio dos prazeres que nunca deixam de povoar a vida de um homem novo e rico e de costumes fáceis. Se tinha ambição, tal sentimento não era nada em comparação com o interesse intenso que dedicava a tudo o que se relacionava com a vida da antiguidade e com a história da capital do mundo romano. Aparecera-lhe um desejo louco de poder visitar aquela cidade subterrânea que o seu jovem colega acabava de descobrir.

- Vejamos, Burger - disse com ar muito sério -, asseguro- lhe que pode ter toda a confiança em mim. Por nada deste mundo, afirmo-lho, me permitiria confiar ao papel, sem a sua autorização expressa, o que viesse a saber graças ao seu concurso. Compreendo muito bem os seus sentimentos, que considero perfeitamente naturais, mas realmente não tem nada a recear da minha parte. Se não quiser dizer-me nada, preparar- me-ei para realizar pesquisas racionais e estou certo de descobrir o seu tesouro. Nesse caso, claro, farei da minha descoberta o uso que me convier, porque já não teria para consigo nenhuma obrigação.

Burger sorriu pensativamente deixando desprenderem-se as baforadas do charuto.

- Já notei, meu caro Kennedy - disse -, que quando preciso de obter informações sobre um ponto qualquer, você nem sempre está disposto a fornecer-mas.





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