Contos de Mistério - Cap. 1: O ANEL DE THOTH Pág. 12 / 167

Ao mesmo tempo que os seus olhos se passeavam à volta desta residência misteriosa, Vansittart Smith observou, com um sobressalto de angústia, que os mais ínfimos pormenores da sala ofereciam um aspecto antigo e curioso. Os candelabros, os vasos na chaminé, as barras, os ornamentos pendurados nas paredes, tudo isto lhe recordava, no estilo mais puro, um passado que gostava de rememorar.

O guarda com ar deprimido, sentou-se na borda da cama e convidou o seu visitante a servir-se da cadeira.

- No fundo, tudo isto tem, sem dúvida, a sua razão de ser - disse num inglês muito puro. - Talvez esteja escrito que devo legar aos imprudentes mortais o conselho de não embaraçarem as leis da natureza. Lego-lho; faça dele o uso que entender. Quanto a mim, falo-lhe no limiar da eternidade na qual vou entrar.

«Como adivinhou, sou um egípcio, não dessa raça degenerada que habita no delta do Nilo, mas personifico o sobrevivente daquele povo forte e poderoso que dominou os Hebreus, rechaçou os Etíopes para os seus desertos do Sul e construiu aqueles monumentos esplêndidos que excitam a admiração universal há gerações. Foi no reinado de Thuthmósis que nasci, mil e seiscentos anos antes da chegada do Cristo, que nasci para a luz. O senhor parece espantado, mas espere e o seu temor depressa se transformará em piedade por mim.

«Chamo-me Sosra. O meu pai fora grão-sacerdote de Osíris no templo de Abaris, situado nessa época na margem babástica do Nilo. Foi neste templo que fui educado e iniciado nesta ciência mística, à qual aludem na vossa Bíblia. Mostrei-me um aluno dócil e estudioso, a tal ponto que aos dezasseis anos tinha já aprendido tudo quanto o sacerdote mais instruído pudesse ensinar-me. A partir desse momento, eu próprio estudei a natureza e não comuniquei as minhas descobertas a ninguém.





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