Contos de Mistério - Cap. 6: BRINCANDO COM O FOGO
(Playing with the fire) Pág. 124 / 167

Quando imagina uma coisa, fabrica uma coisa. Não sabia disto, hem? Mas eu posso ver os seus licornes porque não é apenas com os meus olhos que posso ver.

- Está a querer dizer que crio uma coisa que nunca existiu só por pensar nela?

- Mas evidentemente! É o facto que existe debaixo de todos os outros factos. Aí tem por que um mau pensamento é também um perigo.

- Encontram-se, suponho, no plano astral? - interrogou Moir.

- Ah, são apenas palavras, meu amigo! Estão por aí, num sítio qualquer não saberia dizê-lo. Vejo-os. Poderia tocá-los. - Não poderia fazer-nos vê-los.

- Bastaria materializá-los. Ouça, seria uma experiência. Mas seria preciso poder. Meçamos em primeiro lugar o poder de que dispomos; depois veremos o que poderemos fazer. Posso colocá-lo segundo o meu desejo?

- O senhor é seguramente mais perito do que nós - respondeu Deacon. - Gostava que tomasse a direcção das operações.

- Pode acontecer que as condições não sejam boas, mas faremos o que pudermos. A senhora ficará onde se encontra sentada; eu colocar-me-ei a seu lado, e este cavalheiro virá para junto de mim. Mr. Moir sentar-se-á do outro lado da senhora, porque é preferível alternar morenos e louros. Assim! E agora, com vossa autorização, vou apagar todas as luzes.

- Qual é a vantagem da escuridão? - perguntei.

- A força que vamos enfrentar é uma vibração do éter, tal como a luz. Agora temos os fios unicamente para nós, compreendem? Não terá medo no escuro, minha senhora? Como é divertida uma sessão assim!

Ao princípio a escuridão pareceu-nos total, mas passados alguns minutos os nossos olhos habituaram-se: podíamos discernir as nossas silhuetas, muito vagamente e muito confusamente, devo dizê-lo. Eu era incapaz de distinguir outra coisa no estúdio.





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