Contos de Mistério - Cap. 7: O BOIÃO DE CAVIAR
(The pot of caviare) Pág. 136 / 167

Patterson, a quem, desde há dez anos, disputava pertinazmente as almas . dos indígenas. Quando se cruzavam nos corredores, era como se cruzam cão e gato; vigiavam-se desconfiadamente, com receio de que nas trincheiras um não tirasse ao outro algumas das suas ovelhas murmurando-lhe palavras de heresia.

A noite de quarta-feira decorreu sem incidente. Na quinta-feira, tudo voltou a esclarecer-se. Foi Ainslie que, subido à torre do relógio, avistou em primeiro lugar ao longe um troar de canhão. Dresler ouviu-o em seguida. Ao cabo de um instante, todos ouviram a poderosa voz do bronze a chamá-los, convidando-os a alegrarem-se porque o socorro estava a chegar. Portanto, as companhias de desembarque vinham a caminho. Não chegariam antes de uma hora. Os cartuchos iam faltar. As rações de víveres iam reduzir-se ainda mais. Mas que importava isso agora que tinham a certeza da libertação? Não haveria ataque durante o dia, porque viam os Boxers refluir em massa para a fuzilaria longínqua; e as longas linhas que eles ocupavam ficaram silenciosas e desertas. Assim, a mesa reuniu ao almoço uma assembleia feliz e loquaz, transbordando daquela alegria de viver que brota mais resplandecente à sombra da morte.

- O boião de caviar! - gritou Ainslie. - Vejamos, professor, atiremo-nos ao boião de caviar!

- Potztausend, sim! - resmungou o velho Dresler. É tempo de atacarmos esse famoso boião!

As senhoras meteram-se no assunto. De todos os pontos da comprida mesa mal fornecida, reclamava-se o caviar.

A hora parecia mal indicada para uma exigência desta natureza. Ela tinha, porém, a sua razão de ser, e bem simples. O professor Mercer, o velho entomologista californiano, recebera, um dia ou dois antes da sublevação, um boião de caviar numa remessa de mercadorias provenientes de S.





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