Contos de Mistério - Cap. 7: O BOIÃO DE CAVIAR
(The pot of caviare) Pág. 142 / 167

- É um homem enérgico e valente, e que sabe o que diz. Sim, caramba, teria sido de um grande auxílio para mim se os acontecimentos tivessem assumido um caminho desastroso. Muitas vezes, de manhã, às primeiras horas, quando ainda faz noite escura, reflectia em tudo isto, interrogava-me; e não sabia o que responder. Mas já deveríamos ter ouvido o sinal de Ainslie. Tenho de ir lá ver.

O velho sábio ficou sozinho com os seus pensamentos.

Por fim, como o canhão dos libertadores e o sinal da sua aproximação continuassem sem soar aos seus ouvidos, levantou-se para ir colher informações na muralha. Mas a porta abriu-se e o coronel Dresler entrou, a cambalear, pálido como um espectro, ofegante como um homem esgotado pela corrida. Havia brande numa mesa redonda: engoliu de um trago um copo cheio. Depois afundou-se num cadeirão.

- E então - inquiriu friamente o professor -, eles não chegam?

- Não. Não podem chegar.

Seguiu-se um silêncio, que durou um minuto ou mais. Os dois homens entreolhavam-se fixamente, desconcertados.

- Os outros sabem?

- Ninguém a não ser eu sabe.

- Como foi que soube?

- Encontrava-me debaixo da mina, próximo da poterna... a portinha de madeira que abre para o jardim das rosas. Vi rastejar uma sombra no mato. Bateram à porta: era um tártaro cristão, mortalmente ferido com golpes de sabre. Vinha da batalha. O comodoro Wyndham, o inglês, tinha-o enviado. A coluna de socorro estava em apuros. Quase sem munições, entrincheirara-se, à espera de ser reabastecida pelos navios. Decorreriam três dias antes de poder cá chegar. Era tudo. Mein Gott!, e era de mais.

As sobrancelhas farfalhudas do professor descaíram.

- Onde está o homem? - perguntou.

- O homem morreu. Morreu devido à hemorragia.





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