Contos de Mistério - Cap. 7: O BOIÃO DE CAVIAR
(The pot of caviare) Pág. 146 / 167

- Ora bem, vou passar três meses a Edimburgo na altura da assembleia anual. É a Mary que vai ficar feliz, penso, por percorrer um pouco as lojas em Prince Street! E Jessie verá pessoas da sua idade. Depois, regressaremos no Outono, quando tiverem descansado um pouco os vossos nervos.

- Todos bem precisamos - disse Miss Sinclair, a enfermeira. - Esta longa tensão arrasa-me da forma mais estranha. Sinto neste momento um tal zumbido nos ouvidos que...

- Olha, é engraçado - gritou Ainslie -, mas sucede-me a mesma coisa: um zumbido absurdo, que sobe e desce, como se um voo de moscas ébrias ensaiasse o seu número. Tem razão, deve ser um efeito da tensão nervosa. Pela minha parte, volto para Pequim. Espero arranjar aí uma promoção depois deste caso. E jogarei umas boas partidas de pólo, que é o mais agradável divertimento que conheço. E você, Ralston?

- Oh, não sei. Não tive ainda tempo de pensar nisso.

Sinto vontade de umas boas férias, com sol e alegria, para me fazer esquecer tudo isto. Se vissem as minhas cartas no meu quarto, era cómico! A situação parecia tão desesperada na quarta-feira à noite que tinha arrumado os meus assuntos e escrito a todos os meus amigos. Não sei bem como é que as cartas chegariam aos destinos, mas entregava-me à sorte. Guardarei provavelmente estes papéis como lembrança. Recordar-me-ão sempre como escapámos de uma boa!

- Sim, eu guardá-las-ia, no seu lugar - disse Dresler.

Havia na sua voz uma entoação tão profunda, tão solene, que todos os olhares se voltaram para ele.

- Que vem a ser isso, coronel? - inquiriu Ainslie. O senhor parece muito triste esta noite.

- Nada disso... não... estou muito contente.

- Ainda bem! Porque aqui temos o triunfo! E ficaremos para sempre seus devedores pela ciência e pelo talento de que deu provas.





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