Contos de Mistério - Cap. 1: O ANEL DE THOTH Pág. 18 / 167

Revistei em vão todas as salas da sua habitação, todos os livros, todos os vasos, cada um dos seus fatos. Revistei até a areia do deserto, em todo o lado onde ele costumava passear, mas todas as minhas buscas se revelaram estéreis, não dei com nenhum vestígio do anel de Thoth; contudo, talvez o tivesse conseguido com o tempo, não fosse uma nova desgraça inesperada se ter abatido sobre mim.

«Eclodiu uma grande guerra contra os Hyksos, e, os oficiais do Grande Rei tinham ficado bloqueados no deserto com todos os seus cavaleiros e archeiros. As tribos nómadas caíram-nos em cima como bandos de gafanhotos; das vastas solidões de Shur até ao Grande Lago salgado, a carnificina e o incêndio sucederam-se dia e noite. Foi-nos impossível rechaçar aqueles selvagens; Abaris, a muralha do Egipto, teve que render-se. A cidade foi destruída: o governador e os soldados foram passados pelo fio da espada, e levaram-me para o cativeiro com um bom número dos meus compatriotas.

«Durante longos anos, guardei rebanhos nas grandes planícies do Eufrates. O meu amo morreu, o seu filho envelheceu; eu mantive-me sempre muito afastado da morte. Enfim, escapei-me no dorso de um meari (dromedário) rápido e regressei ao Egipto. Os Hyksos haviam-se fixado no país que tinham conquistado, e o seu próprio rei governava. Abaris fora destruída, a cidade queimada, e do templo apenas restava um montão de ruínas. Em todo o lado, os túmulos haviam sido profanados e os monumentos aniquilados. Não consegui encontrar qualquer vestígio do túmulo da minha querida Atma; estava perdida nas areias do deserto e a palmeira dupla que indicava o seu lugar desaparecera há imenso tempo.

«Os papéis de Parmes e as ruínas do templo de Thoth haviam sido destruí dos ou disseminados; todas as minhas buscas resultaram em vão.





Os capítulos deste livro