«Eclodiu uma grande guerra contra os Hyksos, e, os oficiais do Grande Rei tinham ficado bloqueados no deserto com todos os seus cavaleiros e archeiros. As tribos nómadas caíram-nos em cima como bandos de gafanhotos; das vastas solidões de Shur até ao Grande Lago salgado, a carnificina e o incêndio sucederam-se dia e noite. Foi-nos impossível rechaçar aqueles selvagens; Abaris, a muralha do Egipto, teve que render-se. A cidade foi destruída: o governador e os soldados foram passados pelo fio da espada, e levaram-me para o cativeiro com um bom número dos meus compatriotas.
«Durante longos anos, guardei rebanhos nas grandes planícies do Eufrates. O meu amo morreu, o seu filho envelheceu; eu mantive-me sempre muito afastado da morte. Enfim, escapei-me no dorso de um meari (dromedário) rápido e regressei ao Egipto. Os Hyksos haviam-se fixado no país que tinham conquistado, e o seu próprio rei governava. Abaris fora destruída, a cidade queimada, e do templo apenas restava um montão de ruínas. Em todo o lado, os túmulos haviam sido profanados e os monumentos aniquilados. Não consegui encontrar qualquer vestígio do túmulo da minha querida Atma; estava perdida nas areias do deserto e a palmeira dupla que indicava o seu lugar desaparecera há imenso tempo.
«Os papéis de Parmes e as ruínas do templo de Thoth haviam sido destruí dos ou disseminados; todas as minhas buscas resultaram em vão.