Contos de Mistério - Cap. 1: O ANEL DE THOTH Pág. 20 / 167

O explorador acrescentava que quando abrira aquela caixa tinha encontrado um enorme anel de platina, no qual se achava encastrada uma ampola de cristal; este anel tinha sido posto sobre o peito da múmia. Fora, portanto, ali que Parmes havia escondido o anel de Thoth. Escolhera de facto bem o esconderijo, sabendo que nenhum egípcio ousaria remover o caixão de um compatriota amigo.

«Nessa mesma noite, deixei São Francisco e, algumas semanas depois, encontrava-me em Abaris, se é que pode dar-se o nome de uma grande cidade a um montão de areia e a algumas ruínas dispersas.

«Apressei-me a ir à procura dos franceses que executavam as escavações e pedi-lhes o anel; responderam-me que a múmia e o anel tinham sido enviados para o Cairo, para o museu de Boulak. Parti imediatamente para Boulak; aqui soube que Mariette Bey os havia reclamado e embarcado para o Louvre.

«Segui-os e, enfim, nesta sala egípcia encontrei após quatro mil anos de espera o corpo da minha bem-amada com o anel que durante tanto tempo procurara.

«Mas como apossar-me dele? A questão parecia difícil de resolver. Estava vago um lugar de guarda: fui procurar o director e provei-lhe que as questões egípcias não me eram estranhas; mas no meu desejo de obter o lugar, falei de mais. Observou-me que eu era mais instruído do que ele e que uma cátedra de professor me conviria melhor do que um cubículo de porteiro; tive de cometer tolices, erros numerosos, para fazê-lo voltar à sua primeira impressão; enfim, à força de astúcias e de subterfúgios, obtive o lugar tão ardentemente desejado. É, aliás, a primeira e a última noite que passo aqui. Me Vansittart Smith, agora conhece toda a minha história; não preciso de dizer mais nada a um homem com a sua inteligência.





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