Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
(The lot n. 249) Pág. 26 / 167

O gordo. E ele é o tipo de homens que eu preferiria não visitar.

Abercrombie Smith franziu o sobrolho e lançou um olhar crítico ao camarada.

- Mas porquê? - perguntou. - Bebe? Joga às cartas?

É um pouco trapaceiro? Habitualmente você não faz juízos assim tão severos!

-Ah!, bem se vê que não o conhece! Se o conhecesse, não me perguntaria porquê. Há nele algo de odioso; algo de repti-

líneo que me causa náuseas. Defini-lo-ia como um homem que possui vícios ocultos, um debochado. Não é idiota, apesar de tudo. Dizem que é na sua área um dos melhores alunos com que o colégio alguma vez contou.

- Medicina ou estudos clássicos?

- Línguas orientais. É formidável. Chillingworth encontrou-se com ele ultimamente, algures por cima da segunda catarata; contou-me que tagarelava com os árabes como se tivesse ali nascido. Falava copta com os Coptas, hebreu com os Hebreus, árabe com os Beduínos; todos eles estavam prestes a beijar-lhe a aba da sobrecasaca. Havia alguns ermitas sentados em rochedos que habitualmente troçavam, rosnavam e cuspiam para o chão quando avistavam um estrangeiro: ora bem, Bellingham apenas lhes tinha dito cinco palavras e já todos estavam deitados de borco e a contorcerem-se diante dele! Chillingworth afirmou-me que nunca vira nada assim. Bellingham parecia completamente à vontade; tinha o ar de alguém que exerce um direito natural; passeava-se pelo meio deles e falava-lhes de moral. Nada mau para um estudante de Oxford, pois não?

- Porque disse que não se podia visitar Lee sem visitar Bellingham?

- Porque Bellingham está noivo da irmã de Lee. E dizer que Eveline é uma rapariga muito bonita, Smith! Conheço bem toda a família! É repugnante vê-la com aquele bruto! Um sapo e uma pomba, eis com o que eles se parecem!

Abercrombie Smith sorriu e sacudiu as cinzas do cachimbo contra a chaminé.





Os capítulos deste livro