Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
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Deveria abandonar os seus joguinhos da meia-noite com as múmias, senão vai perder a cachimónia. Agora está uma autêntica pilha eléctrica.

- Não acho - respondeu Bellingham - que estivesse tão calmo como eu se tivesse visto...

- O quê, então?

- Oh, nada! Queria dizer simplesmente que não acreditava que pudesse passar uma noite com uma múmia sem ficar com os nervos um pouco agitados. Tem perfeitamente razão. Nestes últimos tempos, trabalhei excessivamente. Mas sinto-me totalmente recomposto. Aguarde mais alguns minutos, peço-lhe, e ficarei igual a mim próprio.

- A sala cheira mal! - observou Lee que foi abrir a janela para deixar entrar o ar fresco da noite.

- É a resina balsâmica...

Bellingham levantou no ar uma das folhas ressequidas e fê-la enrugar-se por cima do bico do candeeiro. Transformou-

-se em pesados turbilhões de fumo; um odor acre e picante encheu a sala.

- É a planta sagrada, a planta dos sacerdotes - explicou. - Conhece alguma coisa das línguas orientais, Smith?

- Absolutamente nada. Nem uma palavra.

A resposta pareceu aliviar o egiptólogo.

- A propósito - perguntou ele -, quanto tempo decorreu entre o momento em que aqui acorreram e o momento em que recuperei os sentidos?

- Não muito tempo. Quatro ou cinco minutos.

- Bem me parecia que não me arriscava a perder os sen-

tidos por muito mais tempo! - disse ele enquanto aspirava uma longa baforada de ar. Mas que coisa estranha é um desmaio! Não existe maneira de medir-lhe a duração. Pelas minhas próprias sensações, seria incapaz de dizer se fiquei desmaiado alguns segundos ou algumas semanas. O cavalheiro que está em cima da mesa foi enfaixado durante a décima primeira dinastia, isto é, há quarenta séculos; se recuperasse a língua, dir-nos-ia que este lapso de tempo só durou o necessário para fechar os olhos e depois reabri-los.





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