Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
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- Ora bem, é que me interesso, Mr. Smith! Talvez seja uma pretensão da minha parte, mas não posso evitar. Sinto-me por vezes como se fosse o pai e a mãe dos meus jovens cavalheiros. Tudo cai em cima de mim quando as coisas correm mal e quando os pais chegam. Mas Bellingham, senhor... Bem gostaria de saber quem caminha algumas vezes no seu quarto quando ele sai e quando a porta é fechada à chave do exterior.

- Hem? Está a dizer disparates, Styles!

- Pode muito bem ser, senhor. Mas ouvi-o mais de uma vez com os meus próprios ouvidos. - Patranhas, Styles!

- Muito bem, senhor. Fará o favor de tocar a campainha quando precisar de mim.

Abercrombie Smith prestou pouca atenção à conversa do velho criado, mas alguns dias mais tarde um pequeno incidente deixou-lhe uma impressão desagradável e recordou-lha com intensidade.

Bellingham tinha subido para visitá-lo a uma hora tardia; estava ocupado a contar-lhe coisas muito interessantes sobre os túmulos dos Beni Hassan no Alto Egipto, quando Smith, que

possuía um ouvido apurado, ouviu distintamente o ruído de uma porta a ser aberta no andar de baixo.

- Há alguém que entra ou sai de sua casa - disse ele a Bellingham.

Este pôs-se de pé com um salto e conservou-se assim, completamente desamparado durante alguns momentos; tinha um ar meio incrédulo, meio apavorado.

- De certeza que fechei a porta. Estou absolutamente certo de que a fechei! - balbuciou. - Ninguém teria podido abri-la.

- Ora bem, agora ouço alguém a subir os degraus. Bellingham correu para a porta, abriu-a, fechou-a com força atrás de si e desceu a correr a escada. Smith ouviu-o parar a meio do caminho e julgou surpreender o som de um murmúrio. Um instante mais tarde a porta do andar inferior fechou-se, uma chave rangeu na fechadura, e Bellingham, cuja testa estava perlada de suor, subiu novamente a escada e regressou ao quarto.





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