Não seria um bom sócio para um homem de grandes empreendimentos. Não seria um bom sócio para num.
Quando escutava alusões destas, o robusto Smith, soprando solenemente o fumo do cachimbo, limitava-se a franzir o sobrolho e a menear a cabeça.
Bellingham contraíra um hábito que Smith sabia revelar um espírito anémico: falava constantemente em voz alta. Noite avançada, quando não podia haver visitas em sua casa, Smith ouvia-o monologar numa voz abafada que descia quase ao sussurro, mas que o silêncio reinante tornava perfeitamente audível. Esta tagarelice solitária irritou o estudante ao ponto de chamar a atenção do vizinho. Bellingham corou perante a acusação e negou peremptoriamente ter proferido um som; na realidade, mostrou um ar mais aborrecido do que o caso merecia.
Se Abercrombie Smith tivesse dúvidas acerca do seu sentido de audição, não necessitaria de ir muito longe para ver confirmada a sua descoberta. Tom Styles, o pequeno criado enrugado que se achava há muito tempo ao serviço dos três inquilinos da torrinha, inquietava-se com o mesmo assunto.
- Se me permite, senhor - interrogou ele uma manhã enquanto varria o quarto de cima -, pensa que Mr. Bellingham está bem?
- Se está bem, Styles?
- Sim, senhor. Que a sua cabeça está em bom estado.
- E porque é que a sua cabeça não havia de estar em bom estado?
- Na verdade, senhor, não sei de nada, mas ele tem há pouco tempo novas manias. Não é o mesmo homem de antes, embora eu tome a liberdade de dizer-lhe que nunca foi como um dos meus cavalheiros, como Mr. Hastie ou como o senhor. Pôs-se a falar sozinho, o que é uma coisa horrível. Pergunto-me se isso não o incomoda a si. Não sei que pensar dele, senhor.
- Não estou a ver como é que isso lhe interessa, Styles.