Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
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Depois de ter soltado um "Viva!" dirigido ao amigo puxou pelo relógio e ia retomar o caminho do seu apartamento quando sentiu uma mão pousar-se-lhe no ombro: o jovem Monkhouse Lee encontrava-se ao seu lado.

- Avistei-o ~ disse-lhe ele com uma voz ao mesmo tempo tímida e suplicante. ~ Gostava de falar consigo, se pudesse consagrar-me uma meia hora. Esta vivenda é minha. Partilho-a com Harrington, do King's. Venha tomar uma chávena de chá.

- Devo voltar cedo para casa - respondeu Smith. Tenho pão no forno neste momento. Mas conceder-lhe-ei alguns minutos com prazer. Não teria saído se Hastie não fosse um amigo pessoal.

- Também é meu amigo. Tem um estilo magnífico, não é verdade? Mullins não estava na corrida. Mas entre. Não tenho muito lugar, mas acho agradável trabalhar aqui durante os meses de Verão...

Era um pequeno edifício branco e quadrado, com uma porta, persianas verdes e um alpendre rústico, a coisa de cinquenta metros do ribeiro. No interior, a sala principal achava-se grosseiramente equipada como sala de estudos: uma mesa

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ARTHUR CONAN DOYLE

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de madeira branca, prateleiras descoloridas cheias de livros, algumas gravuras baratas nas paredes. Uma chaleira cantava sobre um fogão a álcool, e uma bandeja para o chá encontrava-se em cima da mesa.

- Ocupe esta cadeira e sirva-se de cigarros - disse Lee.

- Eu vou trazer-lhe uma chávena de chá. Foi simpático da sua parte ter vindo porque sei que anda muito ocupado. Queria dizer-lhe que no seu lugar me mudaria imediatamente.

-Hem?

Smith fitou-o, um fósforo aceso numa das mãos e o cigarro na outra.

- Sim. Isto deve parecer-lhe extraordinário e o pior é que não posso dar-lhe a razão, porque estou ligado por uma promessa solene! Mas posso, não obstante, permitir-me dizer-lhe que não acredito que Bellingham seja alguém junto de quem possamos viver sem segurança.





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