Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
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De súbito, num grande estrondo de rasgão, a coluna vertebral quebrou-se e a múmia foi-se abaixo num montão castanho de membros dispersos.

- Para o fogo! - ordenou Smith.

As chamas cresceram e crepitaram quando lamberam aqueles destroços que se assemelhavam a lenha seca. A saleta teria podido passar pela câmara de aquecimento de um paquete. Os dois homens suavam abundantemente; um continuava a baixar-se e a lançar para o fogo os derradeiros restos da sua múmia, ao passo que o outro o vigiava. Um espesso fumo gorduroso desprendeu-se da chaminé; um odor de resina carregou o ar. Ao cabo de um quarto de hora só restavam do lote n. o 249 algumas varetas calcinadas.

- Talvez esteja satisfeito? - resmungou Bellingham. Os seus olhinhos pardos traíam o ódio e o medo.

- Não. Devo desembaraçá-lo de todo o seu material, para que nunca mais nos atinja com as suas manigâncias diabólicas. Para o fogo todas estas folhas! Podem ter que ver com as suas manigâncias.

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ARTHUR CONAN DOYLE

- E agora que mais? - interrogou Bellingham quando as folhas foram atiradas para o braseiro.

- Agora? O rolo de papiro que tinha em cima da mesa na outra noite. Está nesta gaveta, penso.

- Não! - gritou Bellingham. - Não queime o papiro!

Vejamos, meu velho, você não sabe o que faz! É único. Contém uma receita de sageza que não se encontra em mais parte nenhuma!

- Para o fogo!

- Mas vejamos, Smith, não é possível! Fá-lo-ei partilhar

a minha ciência. Ensinar-lhe-ei tudo o que lá vem escrito. Deixe-me ao menos tirar uma cópia antes de queimá-lo!

Smith avançou um passo e abriu a gaveta. Pegou no rolo amarelecido e atirou-o para o fogo onde o manteve debaixo do tacão do sapato. Bellingham, aos berros, quis arrancar-lho.





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