Contos de Mistério - Cap. 3: O SOLAR ASSOMBRADO DE GORESTHORPE
(The haunted grange of Goresthorpe) Pág. 71 / 167

Depois de muito ter reflectido, optei pelo grande vestíbulo - o dos festins que me pareceu, bem vistas as coisas, muito adequado para a sua recepção.

Era uma divisão comprida, baixa, forrada toda à volta por tapetes de preços variados, de recordações interessantes da velha família à qual haviam pertencido. Cotas de malhas, armas de guerra reflectiam caprichosamente a luz do fogo. O vento deslizava por baixo da porta e fazia flutuar as tapeçarias com um barulho fantástico de fricção. Numa ponta ficava a plataforma sobrelevada onde, nos tempos idos, o anfitrião e os seus convidados se faziam servir. Estava provida de um ou dois degraus que desciam até ao sobrado, formando a parte mais baixa da sala, onde os vassalos e as gentes das comitivas tinham o seu banquete.

Não havia neste sobrado nenhuma espécie de tapete. Uma camada de caniços fora ali estendida por ordem minha.

Absolutamente nada na sala podia recordar o século XIX, tirando, porém, a maciça baixela de prata que me pertencia e na qual se achava gravado o brasão da antiga família. Estava disposta numa mesa de carvalho no meio da sala.

Decidi que a câmara assombrada seria esta, admitindo que o primo da minha mulher conseguisse triunfar nas suas negociações com os comerciantes de fantasmas. Só faltava então aguardar com paciência as notícias que me chegassem a propósito das suas diligências.

Poucos dias depois, recebi uma carta que, se era curta, era também, e pelo menos, encorajadora.

Estava rabiscada a lápis nas costas de um bilhete de teatro.

Dir-se-ia que, para fechá-la, se tinham servido de uma borra de cachimbo.

Sigo a pista; nada a fazer com qualquer dos espíritas de profissão, mas ontem, num bar, encontrei um rapaz que afirma estar à altura de arranjar aquilo para si.





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