Contos de Mistério - Cap. 3: O SOLAR ASSOMBRADO DE GORESTHORPE
(The haunted grange of Goresthorpe) Pág. 73 / 167

Jack Brocket cumpriu a palavra. As sombras de outra noite começavam a adensar-se em redor do Solar de Goresthorpe, quando um tanger do sino exterior e o barulho do movimento do mecanismo anunciaram a chegada de Mr. Abrahams.

Apressei-me a descer ao seu encontro. Quase contava encontrá-lo acompanhado de um sortido completo de fantasmas. Mas sucedeu que o negociante de fantasmas não foi o homem de cara descarnada e feições melancólicas que eu havia imaginado.

Era um pequeno rapagão atarracado, barrigudo, com olhos perscrutantes, de um brilho extraordinário, uma boca que mantinha constantemente dilatado um sorriso acolhedor, embora algo artificial.

Todo o seu material parecia compor-se de uma maleta de pele, cuidadosamente resguardada com fechaduras e correias, e que soltou um som metálico quando foi depositada nas lajes de pedra do vestíbulo.

- E como vai isso? - perguntou ele enquanto me apertava vigorosamente a mão, com a maior efusão. - E a Senhora, como tem passado? E todos os outros, como estão?

Dei a entender que todos nós estávamos tão bem quanto seria de esperar razoavelmente, mas o acaso permitiu a Mr. Abrahams avistar a alguma distância Mrs. d'Odd, e correu para ela a fim de dirigir-lhe uma nova série completa de perguntas sobre a sua saúde, as quais recitou com tanta volubilidade e tanto arrebatamento que me perguntei se não ia terminar o interrogatório apalpando-lhe o pulso e pedindo-lhe que mostrasse a língua.

Durante todo este tempo, os seus olhinhos erravam à sua volta, incessantemente entre o soalho e o tecto, entre o tecto e as paredes.

Dir-se-ia que procurava obter com um único exame um inventário completo do mobiliário.

Tendo-se convencido de que nenhum de nós se encontrava num estado patológico, Mr.





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