Contos de Mistério - Cap. 3: O SOLAR ASSOMBRADO DE GORESTHORPE
(The haunted grange of Goresthorpe) Pág. 75 / 167

Abrahams acerca da sua boa fé eram acompanhadas de um ar malicioso, do piscar de um dos dois olhinhos espertalhões, o que enfraquecia um tanto a impressão de sinceridade.

- Quando espera fazê-lo? - perguntei com grande deferência.

- À uma e dez da manhã - disse Mr. Abrahams num tom decidido. - Há quem prefira a meia-noite, mas eu digo uma e dez. Então há menos barafunda e pode escolher o seu fantasma. E agora - prosseguiu, pondo-se de pé -, admitamos que o senhor me passeia por toda a casa, que me indica o sítio onde o quer; porque há sítios que os atraem como há outros de que não querem saber, mesmo se não houvesse mais nenhum no mundo.

Mr. Abrahams, inspeccionou os nossos corredores e os nossos quartos com um olhar minucioso e observador, apalpou a velha tapeçaria com ar de conhecedor, e fez esta observação em voz baixa:

- Será muitíssimo cómodo.

Não obstante, foi sobretudo quando chegámos ao vestíbulo dos festins, dependência que eu próprio tinha escolhido, que a sua admiração atingiu o cúmulo.

- Cá temos o bom sítio! - exclamou, a dançar, de mala na mão, em redor da mesa onde se encontrava a minha baixela de prata.

Ele próprio tinha, neste momento, o ar de um singular pequeno duende.

- Cá está ele, o bom sítio! Não encontraremos nada que ultrapasse isto! Uma bela câmara, nobre, sólida e nada daquela bugiaria de ruolz! Eis a verdadeira forma de fabricar as coisas. Ainda sobra espaço para eles poderem chegar em surdina. Mande trazer brande e a caixa dos charutos. Vou instalar-me próximo deste lume e trabalhar nos preliminares. É mais difícil do que o senhor possa pensar, porque estes fantasmas criam por vezes grandes embaraços quando se apercebem de que têm trabalho. Se o senhor se encontrasse na sala, poderia muito bem acontecer que eles o fizessem em bocados.





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