Sem nenhuma dúvida, este par de bandidos, à espreita de um golpe, surpreendera a conversa indiscreta de Jack Brocket acerca da pesquisa, e tinham-se apressado a aproveitar esta ocasião tão tentadora.
Quanto aos meus visitantes menos substanciais, quanto às visões curiosamente grotescas com que fora divertido, devo atribuí-las a algum poder possuído sobre o mundo oculto pelo meu amigo de Nottingham?
Durante muito tempo, fiquei incerto a este respeito e acabei por fazer uma tentativa para resolver o problema, consultando um químico médico de grande notoriedade e enviando-lhe as poucas gotas da pretensa essência de lucoptolycus que restavam no meu frasco.
Reproduze aqui a carta que ele me escreveu, considerando-me muito feliz por poder terminar a minha pequena história com as graves palavras de um homem de ciência:
Arundel Street
Caro senhor:
O seu caso tão singular interessou-me extremamente.
A garrafa que me enviou continha uma forte solução de cloral, e a quantidade que o senhor mesmo diz ter engolido deve elevar-se pelo menos a oitenta grãos de hidrato.
Isto chegava naturalmente para reduzi-lo a um estado parcial de insensibilidade, tendendo gradualmente para um coma completo.
Neste estado semiconsciente de cloralismo, acontece muito frequentemente que se apresentam visões nítidas e estranhas, muito particularmente nos indivíduos que não estão acostumados a utilizar este remédio.
Diz-me na sua nota que o seu espírito estava saturado de literatura de fantasmas, e que se ocupou imenso tempo e assiduamente a classificar e a reunir as formas variadas que assumem, dizem, as aparições.
Deve igualmente recordar-se de que esperava ver algo deste género e que o seu sistema nervoso tinha chegado ao grau de tensão mais oposto à natureza.