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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 20
Depois, começámos a discutir por causa da carta do amigo Challenger no The Times.

- Ah, discutiram, foi? - disse o nosso anfitrião, e as suas pálpebras começaram a cair.

- O senhor disse, Summerlee, que não havia verdade possível na contenda dele.

- Valha-me Deus! - exclamou Challenger, expirando profundamente e a mexer na barba. - Nenhuma verdade possível! Parece que já ouvi essas palavras antes. E posso perguntar com que argumentos o grande e famoso professor Summerlee conseguiu demolir o humilde indivíduo que se aventurou a expressar uma opinião sobre um assunto de possibilidade científica? Talvez, antes de exterminar essa infeliz nulidade, ele condescenda em dar-nos algumas razões para as opiniões adversas 'que formou.

Fez uma vénia, encolheu os ombros e abriu as mãos, enquanto falava com o seu sarcasmo elaborado e elefantino.

- A razão foi bastante simples - declarou o teimoso Summerlee. - Eu contestei que, se o éter que rodeia a terra fosse tão tóxico numa zona a ponto de produzir sintomas perigosos, dificilmente era provável que nós os três, que viajávamos na carruagem do comboio, estivéssemos completamente livres dos sintomas.

A explicação só provocou uma alegria ruidosa a Challenger.

Ele riu-se até tudo no estúdio parecer bater e estremecer.

- O nosso valoroso Summerlee está, não pela primeira vez, um pouco alheado dos factos da situação - disse ele por fim, a passar a mão pela testa vermelha. - Agora, meus senhores, não poderei explicar-vos de forma mais clara o que quero dizer-vos do que contando-vos o que eu próprio fiz esta manhã. Aceitarão mais facilmente alguma aberração mental da vossa parte quando perceberem que até eu tive momentos em que o meu equilíbrio foi perturbado. Temos há alguns anos nesta casa uma governanta... uma Sarah, com cujo apelido nunca quis sobrecarregar a minha memória. É uma mulher de aspecto severo e proibitivo, afectada e contida nos modos, muito impassível por natureza, e nunca vista por nós a evidenciar sinais de qualquer emoção. Quando estava sentado sozinho a tomar o pequeno-almoço... a Sr. a Challenger tem o hábito de permanecer no quarto a manhã inteira ... de repente passou-me pela cabeça que poderia ser divertido e instrutivo ver se conseguiria encontrar limites para a imperturbabilidade daquela mulher. Concebi uma experiência simples mas eficaz. Depois de ter mexido numa pequena jarra de flores que estava no centro da toalha, toquei a campainha e enfiei-me debaixo da mesa. Ela entrou e, ao ver a sala vazia, imaginou que eu tinha ido para o estúdio. Como eu esperava, ela aproximou-se e inclinou-se sobre a mesa para recolocar a jarra no seu lugar. Eu tive a visão de uma meia de algodão e de uma bota com elásticos de lado.

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Capa do livro O Dia em que o Mundo Acabou
Páginas: 72
Página atual: 20

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 18
Capítulo 3 31
Capítulo 4 44
Capítulo 5 53
Capítulo 6 65