O Sinal dos Quatro - Cap. 3: 3 - À Procura de uma Solução Pág. 19 / 133

Num certo ponto há uma pequena cruz a tinta vermelha e por cima está 3.3 7 para o lado esquerdo escrito a lápis, desvanecido. No canto esquerdo há um curioso hieróglifo parecido com quatro cruzes em linha e cujos braços se tocam. Por baixo está escrito em letra muito rude: O sinal dos quatro - Jonathan Small, Mahomet Singh, Abdullah Khan, Dost Akbar. Não, confesso que não percebo que relação tem isto com o caso. Mas é evidentemente um documento importante. Foi cuidadosamente guardado numa agenda, pois ambos os lados estão igualmente limpos.

- Encontrámo-lo na agenda do Papá.

- Então guarde-o cuidadosamente, Menina Morstan, pois pode ainda vir a ser-nos útil. Começo a suspeitar que este caso pode revelar-se mais profundo e subtil do que a princípio supus. Tenho de reavaliar as minhas ideias.

Encostou-se no assento da carruagem e percebi, pelas suas sobrancelhas caídas e olhar vazio, que pensava intensamente. A Menina Morstan e eu conversámos em voz baixa acerca da nossa expedição e seu possível desfecho, mas o nosso companheiro conservou o seu impenetrável silêncio até ao fim da viagem.

Estávamos em Setembro e ainda não eram sete horas, mas o dia fora cinzento e um nevoeiro denso e penetrante descia sobre a grande cidade. Nuvens cor de lama abatiam-se tristemente sobre as ruas lamacentas. Ao longo da Strand os candeeiros eram apenas manchas enevoadas de luz difusa que lançavam círculos de débil claridade-sobre o pavimento húmido. A luminosidade amarela das montras das lojas projectava-se no ar vaporoso e deslizava lugubremente pela rua cheia de gente. Havia, para o seu espírito, algo de misterioso e fantástico na interminável sucessão de rostos que passavam através daqueles estreitos feixes de luz - rostos tristes e alegres, preocupados e felizes.





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