No centro da sala um candeeiro de prata com a forma de uma pomba estava suspenso num fio de ouro quase invisível. Ao arder, enchia o ar com um odor subtil e aromático.
- Sr. Thaddeus Sholto - disse o homenzinho, continuando a contrair o rosto e a sorrir. - É o meu nome. É a Menina Morstan, claro. E estes cavalheiros...
- O Sr. Sherlock Holmes e o Dr. Watson.
- Um médico, hem? - exclamou, muito excitado.
- Trouxe o seu estetoscópio? Será que posso pedir-lhe... far-me-ia a gentileza? Duvido muito da minha válvula mitral. Confio na aórtica, mas agradeceria a sua opinião acerca da mitral.
Auscultei-lhe o coração, como me pedira, mas não detectei qualquer irregularidade, para além do facto de estar extremamente amedrontado, tremendo dos pés à cabeça.
- Parece estar tudo normal - disse eu. - Não há razão para se preocupar.
- Vai desculpar a minha ansiedade, Menina Morstan - observou delicadamente. - Sou muito atreito a doenças e há bastante tempo que desconfio desta válvula. Fico satisfeito por saber que não há problema. Se o seu pai, Menina Morstan, tivesse evitado esforçar o coração, ainda hoje podia estar vivo.
Tive vontade de esmurrar o homem, pois fiquei indignadíssimo com aquela referência dura e inconveniente acerca de um assunto tão delicado. A Menina Morstan sentou-se e o seu rosto ficou extremamente pálido.
- O meu coração dizia-me que ele morrera – afirmou.
- Posso fornecer-lhe todos os detalhes - disse o homem - e, além disso, posso e vou fazer-lhe justiça, diga o que disser o meu mano Bartholomew. Estou muito satisfeito por os seus amigos estarem aqui, não só como acompanhantes, mas como testemunhas do que tenciono dizer e fazer. Nós os três poderemos enfrentar o meu irmão Bartholomew. Mas não vamos envolver estranhos... nem polícias nem funcionários públicos.